Eu não sou pai e acho importante frisar isso, minha figura sempre foi a de filho. Porém, eu após terminar o jogo do ano de 2018, God of War, senti vontade de fazer algumas reflexões sobre a paternidade. Mesmo não sendo pai, eu sou filho e gostaria de falar da importância sobre a paternidade.
Os pais erram, essa afirmação pode parecer clichê e até batida, mas os pais erram, eles são seres humanos que com uma soma de sucessos e frustrações tem filhos. E de uma hora pra outra, mesmo despreparados tem que assumir uma baita responsabilidade. Eu fico percebo as pessoas utilizando uma ambiguidade quando se trata dos pais delas, ou é "meu pai, meu herói" ou é "meu pai, meu escroto culpado pelas minhas frustrações e relacionamentos merdas". Óbvio que não serve para todos, mas os pais tendem a viver essa ambiguidade na vida dos filhos. Entretanto, não vejo desta maneira, os pais erram, e existe diversos problemas quando descobrimos que os heróis da infância são humanos com erros, mas é uma descoberta que não foi feita apenas por você.
Um segundo motivo que levou a escrever sobre paternidade foi meu pai. Eu tenho a idade que meu pai tinha quando eu nasci.Mesmo assim, Eu me sinto extremamente despreparado para ser pai. Não vejo meu pai diferente de mim na minha idade, lógico, eu tive muito mais oportunidade que meu pai, mas falando na forma de responsabilidade e do preparo para criar uma criança, isso não me visualizar fazendo. Não é fácil ter um filho. A criança fica doente, toma decisões que sabemos que vai dar errado, e por muitas vezes vi a minha frustração se tornar a deles.
Mas o que God of War tem haver com isso? Bem no novo jogo da franquia, Kratos tem um filho, o Atreus. O personagem que marcou o final da minha infância e inicio da adolescência como um símbolo de brucutu de músculo e porrada, ganhou uma responsabilidade. É interessante ver o tipo de pai que Kratos se tornou, ele lembra muito o meu pai. Eu vejo em Kratos um homem que não quer repetir os erros do seu pai, mas que em certos momentos tem atitudes semelhantes ao seu pai. O modo como trata Atreus é um exemplo disso, de forma que Kratos impõe muitas vontades e ordens ao filho, claramente com medo que o garoto erre como ele. Ele tenta guiar Atreus, mas em certos momentos eu senti uma recuada de Kratos, que tenta não se tornar aquilo que um dia foi ou ser o pai que ele sonhou ter. Ele não quer que Atreus se corrompa.
Mesmo tentando fazer algo bom Kratos entra em conflito com o filho, e disso surgem atritos. O jovem quer descobrir o novo mundo que agora esta em sua frente, enquanto o pai já calejado não quer que o filho passe por problemas como ele. Nada mais paternal que isso. Entretanto, qual o preço disso? Você prender ou amedrontar seu filho gera quais consequências sobre ele?
Eu não gosto de ficar nessa culpa eterna de pais e filhos. Um tenta jogar frustrações para o outro, porém acho que em muitos momentos apresentamos fragmentos da nossa criação. Teremos frustrações e ás vezes desistir não é errado, sair de uma situação e tentar de novo faz parte da vida.
Os pais vão errar e tentar defender os filhos, ou tomar atitudes que acham que vai ser o melhor, mas muitas vezes não vai ser. A vida vai nos dar traumas e cobranças, e teremos que conviver e trata-las, mas os pais vão estar lá, com sua culpa e erros, eles serão nossos pais e nós pais dos nossos filhos. Buscar uma evolução para que o amanhã seja melhor segue sendo o
grande desafio da paternidade.
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